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2012 - Livro Vermelho 2013

Melanopsidium nigrum Colla VU

Informações da avaliação de risco de extinção


Data: 08-06-2012

Criterio: A2bc

Avaliador:

Revisor: Miguel d'Avila de Moraes

Analista(s) de Dados: CNCFlora

Analista(s) SIG:

Especialista(s):


Justificativa

Espécie de arbusto das Restingas da região sudeste e do Estado da Bahia. Tem uso direto, de escala local, para cabos de ferramentas e lenha. Os frutos são consumidos in natura. Estudos de estrutura de comunidades apontam para ocorrência em baixas densidades nas Restingas, o que agrava sua situação por se tratar de uma espécie dioica e pelo fato de seu habitat estar ameaçado pela conversão de áreas para infraestrutura urbana/turística.Uma grande porcentagem já foi destruída pela mineração, pelo desenvolvimento imobiliário e pela agricultura. Estima-se que o tamanho populacional tenha sido reduzido entre 30 e 50% nos últimos 10 anos.

Taxonomia atual

Atenção: as informações de taxonomia atuais podem ser diferentes das da data da avaliação.

Nome válido: Melanopsidium nigrum Colla;

Família: Rubiaceae

Sinônimos:

  • > Billiotia psychotrioides ;
  • > Cinchona pubescens ;
  • > Gardenia ferrea ;
  • > Pleurocarpus decemfidus ;
  • > Rhyssocarpus pubescens ;
  • > Viviania psychotrioides ;

Mapa de ocorrência

- Ver metodologia

Informações sobre a espécie


Notas Taxonômicas

Espécie descrita em Hortus ripul. 88, 160, tab. 35. 1824. Nomes populares: "Coroa de sapo", "Cravo Setiba", "Fruta-de-cachorro" e "Gumari" (Delprete, 2000; Rodrigues; Magalhães, 2011; Santos et al., 2009).

Potêncial valor econômico

Espécie utilizada para fins tecnológico e alimentar (Santos et al., 2009).

Dados populacionais

Em estudo realizado na Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, esta espécie apresentou um máximo de 4 indivíduos/ha (Dan et al., 2010); em floresta de restinga mal drenada, apresentou apenas 1 indivíduo/ha (Menezes et al., 2010); apresentou 2 indivíduos/ha em estudo realizado na Reserva Biológica de Sooretama (de Paula, 2006).

Distribuição

Espécie endêmica do Brasil; ocorre nos estados da Bahia, Rio de Janeiro e Espírito Santo (Zappi, 2012).

Ecologia

Caracteriza-se por arbustos, dióicos, atingindo de 1,5-5 m de altura; período de floração de Julho a Novembro, frutos imaturos em Fevereiro e Abril, frutos maduros em Julho (Delprete, 2000). Ocorre em Restingas e Floresta Ombrófila Densa (Zappi et al., 2009)

Ameaças

1.4 Infrastructure development
Incidência national
Severidade very high
Detalhes O ecossistema Restinga está seriamenteameaçado ao longo de toda a costa brasileira, devido à forte pressão antrópicacausada pelo desenvolvimento urbano, e turismo. Apenas poucasáreas deste ecossistema estão protegidos (precariamente), e ações urgentes sãonecessárias a fim de assegurar a conservação desse importante ecossistema (Delprete, 2000).

1.4 Infrastructure development
Severidade very high
Detalhes As Restingas estãolocalizadas em áreas costeiras. O intenso processo de degradação acentuou asalterações e a perda de seus habitats. A modificação continua de suas paisagens resultouem uma considerável perda de suas áreas devido ao desmatamento. O Rio de Janeiro é uma região da costabrasileira com o maior índice de ocupação humana, suas áreas de Restinga estãosob um dos maiores índices de pressão antrópica (Rocha etal., 2007).

1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
Incidência national
Severidade very high
Detalhes AMata Atlântica já perdeu mais de 93% de sua área e menos de 100.000 km² de vegetação remanesce.Algumas áreas de endemismo, agora possuem menos de 5% de sua floresta original. Dez porcento da cobertura florestal remanescentefoi perdida entre 1989 e 2000 apenas, apesar de investimentos consideráveis emvigilância e proteção. Antes cobrindo áreasenormes, as florestas remanescentes foram reduzidas a vários arquipélagos defragmentos florestais muito pequenos, bastante separados entre si. As matas do nordeste já estavam em grande parte devastadas (criaçãode gado e exploração de madeira mandada para a Europa) no século XVI. As causas imediatasda perda de habitat são: a sobrexplotação dos recursos florestais por populaçõeshumanas (madeira, frutos, lenha, caça) e a exploração da terra para uso humano(pastos, agricultura e silvicultura). Subsídios do governo brasileiroaceleraram a expansão da agricultura e estimularam a superprodução agrícola(açúcar, café e soja). A derrubada deflorestas foi especialmente severa nas últimas três décadas; 11.650km2 deflorestas foram perdidos nos últimos 15 anos (284 km² por dia). Em adição à incessante perda dehábitat, as matas remanescentes continuam a ser degradadas pela extração delenha, exploração madeireira ilegal, coleta de plantas e produtos vegetais einvasão por espécies exóticas (Tabarelli et al., 2005).

Ações de conservação

1.2.1.2 National level
Situação: on going
Observações: Aespécie consta no Anexo I da Instrução Normativa nº 6, de 23 de Setembro de2008 (MMA, 2008) sendo considerada oficialmente ameaçada de extinção. Foiconsiderada Vulnerável (VU) em avaliação de risco de extinção empreendida pelaFundação Biodiversitas (Biodiversitas, 2005).

Usos

Referências

- SANTOS, M.G.; FEVEREIRO, P.C.A.; REIS, G.L.; BARCELOS, J.I. Recursos vegetais da Restinga de Carapebus, Rio de Janeiro, Brasil., Revista de Biologia Neotropícal, p.35-54, 2009.

- RODRIGUES, R.M.M.; MAGALHÃES, L.M.S. Estrutura e florística de fragmento de Floresta Secundária na Planície Aluvionar do Rio Guandu, em Seropédica, RJ., Floresta e Ambiente, v.18, p.324-333, 2011.

- DE PAULA, A. Florística e fitossociologia de um trecho de floresta ombrófila densa das terras baixas na Reserva Biológica de Sooretama, Linhares, ES. Doutorado. São Carlos: Universidade Federal de São Carlos, 2006.

- DELPRETE, P.G. Melanopsidium Colla (Rubiaceae, Gardenieae): a monospecific Brazilian genus with a complex nomenclatural history., Brittonia, v.52, p.325-336, 2000.

- ROCHA, C.F.D.; BERGALLO, H.G.; VAN SLUYS, M.; ALVES, M.A.S.; JAMEL, C.E. The remnants of restinga habitats in the brazilian Atlantic Forest of Rio de Janeiro state, Brazil: Habitat loss and risk of disappearance., Brazilian Journal of Biology, v.67, p.263-273, 2007.

- TABARELLI, M.; PINTO, L.P.; SILVA, J.M.C.; ET AL. Desafios e oportunidades para a conservação da biodiversidade na Mata Atlântica brasileira., Megadiversidade, p.132-138, 2005.

- DAN, M.L., BRAGA, J.M.A.; NASCIMENTO, M.T. Estrutura da comunidade arbórea de fragmentos de Floresta Estacional Semidecidual na Bacia Hidrográfica do Rio São Domingos, Rio de Janeiro, Brasil., Rodriguésia, Rio de Janeiro, v.61, p.749-766, 2010.

- MENEZES, L.F.T.; ARAUJO, D.S.D.; NETTESHEIM, F.C. Estrutura comunitária e amplitude ecológica do componente lenhoso de uma floresta de restinga mal drenada no sudeste do Brasil., Acta Botanica Brasilica, v.24, p.825-839, 2010.

- ZAPPI, D.; BARBOSA, M.R.V.; CALIÓ, M.F. ET AL. Rubiaceae. In: STEHMANN, J.R.; FORZZA, R.C.; SALINO, A. ET AL. Plantas da Floresta Atlântica. p.449-461, 2009.

- ZAPPI, D. Melanopsidium nigrum in Melanopsidium (Rubiaceae) in Lista de Espécies da Flora do Brasil., Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponivel em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/FB014116>.

- MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Instrução Normativa n. 6, de 23 de setembro de 2008. Espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção e com deficiência de dados, Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 24 set. 2008. Seção 1, p.75-83, 2008.

- BIODIVERSITAS. Lista da flora brasileira ameaçada de extinção, 2005.

Como citar

CNCFlora. Melanopsidium nigrum in Lista Vermelha da flora brasileira versão 2012.2 Centro Nacional de Conservação da Flora. Disponível em <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Melanopsidium nigrum>. Acesso em .


Última edição por CNCFlora em 08/06/2012 - 18:22:28